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História da Igreja de Nova Vida

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Biografia do Bp. Roberto McAlister

Origens

A Igreja de Nova Vida foi organizada pelo Bp. Robert McAlister, conhecido pelo povo de Deus como “Bispo Roberto”. De nacionalidade canadense, veio para o Brasil, na cidade do Rio de Janeiro, onde implantou uma grande obra de evangelização conhecida como “Cruzada de Nova Vida”.

 

W. Robert McAlister nasceu em 13 de agosto de 1931, na cidade de London, província de Ontário, Canadá. Vindo de uma família originalmente evangélica e com tradição no reavivamento pentecostal - seu tio, R. E. McAlister, foi o fundador das Assembleias Pentecostais no Canadá, sendo reconhecido como o primeiro homem a ser batizado com o Espírito Santo naquela nação, durante o avivamento da década de 1900. Ele e seus irmãos, Elizabeth e Jack, foram criados na igreja e nunca saíram dela. Mesmo assim, Robert não queria saber de Deus. Era considerado a “ovelha negra” da família, apesar de seus pais nunca terem deixado de orar por ele. Seu pai, Walter E. McAlister, depois de implantar várias igrejas no Canadá, tornou-se pastor da “Igreja da Pedra” (nome atribuído pela característica arquitetônica da mesma), na cidade de Toronto. Era um homem extremamente humilde. Sua maior característica era nunca falar mal de ninguém. Sua mãe, Ruth, sempre foi dona de casa.

 

Quando Robert se converteu, aos 17 anos de idade (no dia 18 de setembro de 1948), largou seu emprego em uma seguradora para estudar, durante três anos, em uma escola bíblica, a Eastern Pentecostal Bible College,em Peterborough, também em Ontário, a duas horas de ônibus desde o norte de Toronto. Após sua formatura, foi ordenado ao pastorado pelo seu próprio pai, então superintendente nacional das Assembleias Pentecostais do Canadá.

 

Primeira missão e descoberta do ministério "pentecostal": Filipinas

 

Formado e ordenado, alentava o sonho de servir no campo missionário e, assim, juntou-se a um grupo de missionários que foi servir a Cristo nas Filipinas como solista (cantava desde cedo nos corais da igreja), uma vez que já havia pregadores escalados para as campanhas evangelísticas naquele país. Entretanto, nas noites em que não havia campanha, o jovem missionário realizava cultos com oração pelos enfermos em outros bairros de Manila, o que o levou a ser repreendido, especialmente porque aquele grupo era de cristãos cessacionistas (ou seja, criam que os dons do Espírito Santo cessaram após o período apostólico), o que para ele era inadmissível, pois ele próprio fora curado milagrosamente de uma gagueira. Além disto, uma forte experiência na libertação demoníaca de uma senhora (Clarita Villanueva) o marcaria profundamente. Com isso, juntou-se a um missionário americano que também estava nas Filipinas, Lester Sumerall, a quem começou a acompanhar e com quem muito aprendeu sobre os milagres do Espírito Santo.

 

Pr. Roberto decidiu permanecer mais tempo naquele país e, assim, convidou seu tio, Hugh McAlister, para unir-se a ele nas campanhas de cura divina que promoveram naquele país, antes de retornarem ao Canadá, passando antes pela Índia, onde fez uma cruzada evangelística.

 

Casamento

 

De volta à sua terra, em 1955, foi para os Estados Unidos fazer uma cruzada e conheceu uma moça de Charlotte, em Carolina do Norte, chamada Glória Garr, filha do primeiro homem branco batizado com o Espírito Santo no avivamento da Rua Azuza (1906), e primeiro missionário pentecostal na Índia, Dr. Alfred G. Garr. Eles se conheceram em um sábado de manhã. Estavam tomando café na casa da mãe dela, onde ele estava hospedado. Eles conversaram e três dias depois ele a pediu em casamento (!). Ela perguntou por que ele tinha demorado tanto para se decidir (!!). E os dois se casaram pouquíssimo tempo depois, no dia 10 de junho de 1955 (!!!). Quanto à lua de mel, o local escolhido foi um cruzeiro pelo... Brasil (!!!!). Aqui, quando ancorado em Santos (SP), foi convidado a pregar na Assembleia de Deus daquela cidade, experiência que o marcou.

 

Outras missões: Alemanha, França e Hong Kong

 

Depois da lua de mel, retornou aos Estados Unidos e de lá partiu para fazer cruzadas de dois anos em países como França, Alemanha e Hong Kong, onde implantou duas igrejas as quais chamou de New Life Church (ainda que jamais tivessem vínculo com as Igrejas de Nova Vida implantadas posteriormente no Brasil). Mas seu objetivo era estabelecer-se na Índia, desde sua primeira viagem àquele país.

 

Pr. Roberto seria missionário em Calcutá. No entanto, às vésperas da viagem, descobriu que, como canadense, podia ir, mas sua esposa, por ser americana, não (a Índia estava sob influência soviética, no auge da Guerra Fria). Por este motivo sua entrada foi proibida. O sonho de ser missionário na Índia havia acabado. Com isso, deu os cinco mil dólares que tinha guardado para fazer a viagem ao seu melhor amigo, Mark Buntain, que foi missionário naquele país durante anos. Entre uma turnê e outra, foi convidado para pregar em uma igreja durante um ano em South Bend, Indiana. Depois voltou para Charlotte, para o nascimento de seu filho Walter. 

O NASCIMENTO DA IGREJA DE NOVA VIDA

Como tudo começou no Brasil

Em 1956, foi ser missionário em Paris, na França. Ao retornar para Charlotte, continuou com as missões e pregou algumas vezes na igreja de seus pais. Acostumado a realizar cruzadas pelo mundo inteiro, o então Pr. Roberto foi convidado pelo Pr. Harold Williams para participar de uma campanha evangelística no Maracanãzinho, Rio de Janeiro, em 1958. Ele só havia estado no Brasil uma única vez, em sua lua de mel. Quando a campanha terminasse, ele continuaria a correr o mundo pregando a Palavra de Deus. Mas, foi neste dia que Pr. Roberto ouviu uma voz: “Este é o lugar para o qual eu o chamei para pregar a minha Palavra”. Era a voz de Deus e sua rota não foi mudada por um simples vento, como a do navegador, e sim por Aquele que é mais poderoso do que qualquer furacão: o vento do Espírito Santo. 

 

“O vento sopra onde quer, e ouves a sua voz; mas não sabes donde vem, nem para onde vai; assim é todo aquele que é nascido do Espírito” (João 3.8).

 

Ao final da campanha, teve que voltar correndo para os Estados Unidos, pois sua filha tinha acabado de nascer. 

 

Decidido a cumprir o chamado de Deus, poucos meses depois, em 1959, o Pr. Roberto veio morar no Brasil acompanhado da esposa, Glória, e de seus filhos, Walter, com dois anos e meio, e Heather Ann, de apenas seis meses. Primeiro foi para o Estado de São Paulo, mas todas as portas se fecharam, tendo sido preso com o missionário Harold Williams, em Santos, sendo acusados de curandeirismo por pregarem a cura divina. Era a mão de Deus, pois ele estava sendo chamado para o Rio de Janeiro. Por isso, foram morar no bairro de Santa Teresa, e foi assim que tudo começou. Chegando na cidade, foi pregar na Assembleia de Deus em S. Cristóvão, e, dali, portas começaram a ser abertas para aquele jovem pregador canadense em terras cariocas.

A igreja que começou no rádio

 

A Igreja de Nova Vida nasceu de um programa de rádio, a “Voz da Nova Vida”, que foi transmitido pela primeira vez no dia 1º de agosto de 1960, às 6:30, através da Rádio Copacabana: “É tempo de ouvir uma mensagem de Nova Vida”. Foi assim que começou a primeira transmissão do início da Igreja de Nova Vida. Foi através deste programa, que o missionário Roberto implantaria, posteriormente, a Igreja de Nova Vida.

 

Como seu desafio era falar na rádio, o missionário teve que fazer um curso intensivo da língua portuguesa (oito horas por dia em um período de três meses), para poder fazer a locução do programa de 15 minutos. Tudo tinha que ser escrito, até mesmo a oração. “Tudo era lido, mas com unção, como se estivesse sendo só falado”, diz o Pr. Walmir Cohen, que trabalhou com o bispo nos programas de rádio por vários anos. A gravação dos primeiros programas foi realizada na casa do próprio Pr. Roberto, tendo como estúdio um quarto com cobertores pendurados nas janelas, a fim de abafar os ruídos dos carros.

 

O grande impacto causado pelas mensagens de salvação do bispo levou-o a fazer dois programas diários, um às 6:30 e outro às 18:30. Em 1963, ele sentiu a necessidade de alcançar todo o Brasil com as Boas Novas e, com isso, transferiu o programa para a Rádio Mayrink Veiga, às 8:10. Depois foi à Rádio Guanabara, que também veiculou o programa. Entretanto, a grande dificuldade do programa era conciliar a mensagem evangélica em meio a outros programas religiosos que eram veiculados na rádio, especialmente os espíritas. Foi então que nasceu o desejo de ter uma emissora própria, o que se efetivou com a Rádio Relógio, comprada pela igreja em 1967, então de propriedade do famoso locutor César Ladeira. Entretanto, havia muitas limitações nessa rádio para se pregar o evangelho, pois havia um contrato com o Observatório Nacional para transmitir a hora oficial brasileira. De minuto a minuto a locutora Iris Gutierres anunciava a hora certa, com o minuto do momento. Deste modo a rádio não poderia ter programas de música, nem poderia transmitir os cultos. De cinquenta em cinquenta segundos, a locutora entrava para fornecer o horário. Mesmo assim, o negócio foi fechado. A cada hora, aos 30 minutos, era transmitido o programa “Café Espiritual”, produzido e apresentado pelo Pr. McAlister e, aos domingos, entre 7:00 e 23:00, eram transmitidos cultos da Igreja de Nova Vida

 

Para efetivar a compra, o Pr. Roberto viajou para aos Estados Unidos para pedir ajuda às igrejas amigas que ele conhecia, e um grande milagre aconteceu nesta viagem. Depois de pregar numa das rádios de um de seus amigos, ele fez o apelo falando da oportunidade de se ter uma emissora evangélica no Brasil. Até então, nenhuma igreja evangélica era proprietária de um veículo de comunicação, excetuando-se a igreja católica. Depois de um programa, uma senhora telefonou para ele pedindo que ele a visitasse em sua residência, pois ela acabara de ouvir o apelo pelo rádio e desejava contribuir para a aquisição da mesma. Ao chegar, o Pr. Roberto percebeu que se tratava de uma senhora idosa e de vida humilde, mas que, ainda assim, lhe entregou uma sacola de papel cheia de dólares, que representavam suas economias durante anos. Nesta sacola havia dez mil dólares. Foi o sinal de Deus para a aquisição da Rádio Relógio.

A partir daí, a Igreja de Nova Vida começou a produzir mais programas, como o “Café Espiritual”. “A Rádio Relógio foi mais um dos grandes milagres de Deus. Depois de muitas lutas, o contrato foi assinado e as duplicatas emitidas. Ela contribuiu muito para o crescimento da Igreja de Nova Vida. A sua venda foi como rasgar uma página da nossa história”, lamenta o Bp. Tito Oscar.

 

Frases que lhe caracterizavam começaram a ser repetidas pelo povo, como “Que Deus te abençoe rica e abundantemente” e “É chegada a hora da oração”.

 

A audiência foi crescendo, e no primeiro ano de programa, recebeu doze mil cartas. Enfatizando a cura das enfermidades nas transmissões, com isso o Pr. Roberto sentiu necessidade de passar aos ouvintes a base bíblica de suas declarações. Naquele momento surgia o seu primeiro livro, “Perguntas e Respostas sobre Cura Divina”, que era dado a quem escrevia para o programa. O livro esgotou-se no primeiro mês.

Da rádio para as praças

 

Milhares de pessoas falavam sobre as pregações e suas vidas transformadas pela Palavra de Deus nos programas de rádio. Muitos procuravam a rádio para buscar orientação espiritual, até que o Pr. Roberto alugou um escritório no “Edifício Central”, na Av. Rio Branco, 156, artéria do centro do Rio. Mas o fluxo de pessoas era tão grande que não dava mais para ficar só na rádio e em escritórios. Um desejo começou a invadir o coração do missionário canadense: reunir todos os ouvintes num lugar para falar de Jesus.

 

O poder de Deus no programa de rádio era tão grande que houve a necessidade de terem um local para reuniões. Para saber a respeito de quantas pessoas que ouviam o rádio se reuniriam em um culto, foi realizado um “Culto com os amigos do Pr. Roberto” na Praça Saens Peña, no bairro da Tijuca (Rio de Janeiro), no encontro que ficou conhecido como o primeiro culto de Nova Vida. Depois, agendou uma reunião ao ar livre em um coreto do Jardim do Méier, encontrando uma grande multidão no local. Ali, teve uma grande experiência: ao começar a orar (em seu limitadíssimo português), uma mulher que era cega passou a enxergar, e vários outros milagres aconteceram naquele local. Se iniciava oficialmente, fora da rádio, a “Cruzada de Nova Vida”.

Das praças para um templo provisório com a "Cruzada" 

 

Após tal encontro em praça pública, o bispo decidiu alugar um espaço para que se reunissem semanalmente e, assim, aconteceu. Às 14:30, no 9º andar do edifício da ABI (Associação Brasileira de Imprensa), na Rua Araújo Porto Alegre, 71, centro do Rio de Janeiro, no dia 14 de maio de 1961, então “Dia das Mães”, foi iniciado o primeiro culto em um salão específico, com um local fixo, mas em tal horário atípico. O auditório estava lotado. A ordem do culto foi a mesma que conhecemos até hoje: louvor, oferta e mensagem, além das orações e dos testemunhos. O convite para seguir a Jesus Cristo foi aceito por dezenas de pessoas, que ficaram de pé, anunciando o desejo de seguir o Senhor. 

 

Domingo após domingo, Deus manifestava o seu poder aos presentes. Os novos convertidos eram aconselhados a congregarem em uma igreja próxima de suas casas; entretanto, o número de convertidos foi crescendo tanto que houve a necessidade de se criar mais um culto. Além disso, o crescimento espiritual “pedia” mais busca pelo Espírito Santo: “Ah, que saudade! Aquele domingo pela manhã, quando sentimos necessidade de mais uma reunião, pois o povo começou a cantar no espírito pela primeira vez”, suspirou o Bp. Roberto na revista “A Voz de Nova Vida”. Aquele local serviu como sede da Igreja de Nova Vida durante 10 anos, até a inauguração da igreja de Botafogo.

 

Da "Cruzada" para a "Igreja" 

O fato de ser um auditório trazia algumas dificuldades, mas todas eram resolvidas. Quando havia batismo nas águas, um tanque de madeira era montado na plataforma, que servia de púlpito. “Era trabalhoso. Enchia de água e depois tinha que esvaziar e desmontar”, conta D. Elza Queiroz. Mas o Pr. Roberto não tinha a intenção de ficar definitivamente no Brasil. Seria como nas Filipinas, em Hong Kong ou na França: depois de um tempo, iria a outro país. Mas um culto mudou tudo. Era o ano de 1961, e o Pr. Roberto McAlister anunciou que estava retornando aos Estados Unidos, pois o compromisso financeiro das igrejas americanas para sustentá-lo aqui havia terminado, e não tinha mais como manter-se. Após um grande silêncio, um homem se levantou e, chorando, pedindo-lhe que ficasse, depositou todo o seu dinheiro na plataforma do púlpito, ato que foi seguido pelos demais. Pr. Roberto caiu em prantos e decidiu, naquele momento, permanecer no Brasil. 

Abertura de igrejas

 

A abertura de igrejas foi uma consequência natural e espontânea deste mover do Espírito Santo. A ABI foi um passo importante no progresso da igreja, mas, como muitos membros moravam no subúrbio carioca, encontrou um local na Av. Teixeira de Castro, 312. Além das ofertas obtidas para compra do imóvel, retornou aos Estados Unidos, onde vendeu sua casa em Charlotte (Estados Unidos) para aplicar tais recursos na construção do templo. Em 5 de março de 1964 foi inaugurada a primeira Igreja de Nova Vida, em Bonsucesso, Rio de Janeiro, com transmissão ao vivo pela Rádio Copacabana.

 

Ali, o Pr. Roberto instituiu como seu primeiro pastor Otávio Petterson (genro do respeitado Pr. Lawrence Olson), e, como seu auxiliar, o Pr. Walmir Cohen, que ali permaneceu poucos meses, uma vez que fora convidado a liderar a Igreja de Nova Vida de Niterói (que iniciava suas atividades naquele mesmo ano). Ainda no início dos trabalhos de Bonsucesso, o Pr. Otávio teve que viajar para a Suécia e, por ali ter que permanecer por cerca de seis meses, não havendo outros pastores disponíveis, foi chamado o primeiro diácono da igreja, o então jovem Tito Oscar para dirigi-la, em 1965.

 

Após três anos em que o diácono Tito dirigiu a igreja de Bonsucesso, ele foi convidado a ingressas no ministério pastoral, o que ocorreu em 1967, ficando ali até 1970, quando foi chamado pelo Bp. Roberto para pastorear a sede de Botafogo, a qual estava em fase de construção.

 

A “Cruzada de Nova Vida” se transformara primeiramente em “Igreja Pentecostal de Nova Vida” e, posteriormente, pela direção que Deus dera ao Bp. Roberto McAlister, em “Igreja de Nova Vida”, nome mantido até os dias atuais. Deus confirmava a visão que havia dado ao missionário Roberto. O ministério da Nova Vida crescia, enquanto ele seguia em direção ao alvo que o Espírito Santo lhe dera: “O Brasil para Cristo em nossa geração”. 

 

Depois, dado ao número de frequentadores da região de Niterói, procurou um lugar naquela área e encontrou, na Rua Carlos Maximiliano, 156, inaugurando o templo naquele mesmo ano, no dia 28 de novembro de 1964.

O Bp. Roberto notou que quase não havia igrejas na zona sul do Rio de Janeiro. Coincidentemente, considerável parte dos que frequentavam a ABI era de moradores daquela região e, então, decidiu procurar um terreno ali para implantar a sede da igreja. Assim, após procurar por três anos terrenos e imóveis em bairros como Copacabana, Ipanema, Leblon, Lagoa e Jardim Botânico, encontrou um no bairro de Botafogo e, após grande campanha por recursos no Brasil e nos Estados Unidos, adquiriu o imóvel o qual, depois de anos de obras - iniciadas em 13 de setembro de 1965 - foi inaugurado como a sede da Igreja de Nova Vida, no dia 9 de maio de 1971.

 

Naquela ocasião, o Rio de Janeiro começou a crescer em outra direção. Foi então que o Pr. Roberto procurou o arquiteto Lúcio Costa a fim de saber para onde a cidade do Rio avançaria, recebendo a seguinte resposta daquele famoso urbanista: “O Rio só pode crescer para a zona oeste – isto é, para a região do Recreio e Jacarepaguá”.

 

Os pastores Roberto e Tito começaram, então, a buscar uma área na região do Recreio, encontrando vários terrenos, mas todos com problemas legais. Finalmente, uma área de 42 mil metros quadrados foi encontrada no quilômetro 18 do Recreio, então um lugar muito isolado. Não existia nada ao redor, mas, foi naquele espaço que começamos a construir o que se visava ser um centro de convenções. 

Entretanto, com a doença do já então bispo Roberto, os trabalhos foram paralisados e, hoje, o espaço já não pertence mais à Nova Vida.

 

O "Descanso Sabático"

 

O avanço da Igreja de Nova Vida trouxe, consigo, um preço na saúde do Bp. Roberto. Em 1969, teve sua primeira crise, que o levou a se submeter a uma cirurgia de ponte de safena, atribuindo ao então Pr. Tito Oscar responsabilidades ainda maiores na sede da denominação. Após muitos desgastes, em 1973 o Bp. Roberto retornou aos Estados Unidos, deixando a Igreja de Nova Vida sob a regência do Pr. Tito Oscar, que a dirigiu até o retorno do Bp. Roberto, cerca de três anos depois, após dirigir igrejas em Charlotte e Roma (onde assumiu interinamente a igreja de um falecido pastor amigo - Rev. John McTernan -, por poucos meses). Ali, em 1975, entendeu que chegara o momento de retornar ao Brasil, e a regência da Igreja de Nova Vida lhe foi devolvida graciosamente pelo Pr. Tito.

 

Avançando na mídia: entrando na televisão

 

Iniciando com ineditismo na televisão brasileira, o primeiro programa evangélico brasileiro de televisão foi levado ao ar pela TV Rio, no Canal 13, em 1973, pelo Pr. Tito Oscar, e acontecia aos sábados às 13:40.

 

Mas “A Cruzada de Nova Vida” já usava a televisão como meio de evangelização. O Pr. Roberto trouxe dos Estados Unidos uma série de programas evangelísticos gravados pelo missionário T.L. Osborn (e dubladas pelo próprio Pr. Roberto) onde o mostrava pregando para milhares de pessoas.

 

Em 1979, a Igreja de Nova Vida iniciou o programa de televisão “Coisas da Vida” (na TV Tupi), sendo uma das pioneiras na utilização da televisão como meio de evangelização no Brasil (foi o primeiro programa evangélico de entrevistas realizados no Brasil, estilo talk-show americano). Através deste programa, milhares de vidas por todo o país se entregaram a Jesus Cristo. O programa era transmitido ao vivo às 07:00 da manhã, e só saiu do ar em razão da falência daquela emissora de tv.

Produção literária

 

A Igreja de Nova Vida sempre atuou com firmeza na produção de livros e revistas. Em 1964, antes mesmo das primeiras igrejas nascerem, a “Palavra de Nova Vida” já estava circulando. Com dezesseis páginas e uma edição um tanto irregular, ela circulou até 1966, chegando a ter uma tiragem de vinte mil exemplares. Mais tarde, surgia uma nova publicação, a “Voz da Nova Vida”. Esta revista marcou um período importante na história da igreja. Pastores e líderes foram atingidos do Roraima ao Rio Grande do Sul. Paralelamente, o Bp. Roberto acompanhava o crescimento do trabalho com uma produção muito abençoadora de livros: “As Dimensões da Fé Cristã”, “Os Alicerces da Fé”, “As Alianças da Fé”, “A Experiência Pentecostal”, “Medo”, “Possessão de Demônios” e “Crentes Endemoninhados: a Nova Heresia”, foram livros básicos na formação doutrinária do trabalho. 

 

Mas a produção literária não ficou apenas a cargo do Bp. Roberto. O Bp. Tito Oscar começou a lançar vários livros de temáticas diferentes, que iam da estrutura da igreja à cura da alma, sempre balizados pelo talento que tanto caracteriza os seus textos e pregações.

 

O descanso do Bp. Roberto

 

O Bp. Roberto McAlister tinha um histórico cardíaco, e fez três operações de ponte de safena. Na última, o coração aderiu ao peito. Quando foram fazer o transplante, uma hemorragia começou e ele não resistiu. O Senhor o promoveu para junto a si em 13 de novembro de 1993. O pastor foi embora, mas os seus ensinamentos ficaram marcados em suas ovelhas. A base de seu ministério era “Jesus salva, cura, liberta e batiza com o Espírito Santo”. Costumava mencionar e viver as expressões bíblicas “com fé, tudo é possível” e “nada é impossível ao que crê”. Por isso, uma das marcas mais comuns no ministério do bispo eram as curas. Para ninguém esquecer, em todo lugar em que pregava, o bispo fixava no púlpito um cartaz, que dizia: “Ele perdoa todas as tuas iniquidades e sara todas as tuas enfermidades” (Sl 103.3).

A IGREJA DE NOVA VIDA

A "segunda onda" do pentecostalismo brasileiro

 

Apesar de alguns atribuírem o rótulo “neopoentecostal” à Igreja de Nova Vida - provavelmente porque dela saíram algumas igrejas que se adequam a tal característica - somos uma igreja cujos historiadores caracterizam como a “Segunda Onda do pentecostalismo brasileiro”, ou “Pentecostalismo de Segunda Geração”. 

 

Portanto, a igreja de Nova Vida não é uma igreja neopentecostal, estando inserida entre o pentecostalismo clássico e o neopentecostalismo. Alguns sociólogos sugerem que a Nova Vida foi a “mãe” deste novo movimento, mas isto não é verdade. Não produzimos nenhuma das igrejas que hoje são chamadas de neopentecostais. Elas podem ter sido influenciadas pelo trabalho que a Nova Vida realizava, mas não nasceram dela.

 

Entretanto, enquanto as igrejas da primeira geração de pentecostais se firmou em seus primórdios entre as classes mais carentes e periféricas da população, a Igreja de Nova Vida adentrou na classe média, terreno antes ocupado, entre os evangélicos, por ramos não pentecostais, como os presbiterianos, batistas e metodistas.

Vestimentas não-legalistas

 

Um rompimento característico foi quanto aos usos e costumes. O legalismo imperava no meio pentecostal e o Bp. Roberto rompeu com tais parâmetros humanos e na Igreja de Nova Vida, ainda que pentecostal, viam-se mulheres usando calças compridas, cabelos curtos e maquiagem - fato impossível de se observar em tais igrejas da época - assim como homens de barba e que assistiam jogos de futebol, por exemplo.  

 

Uma igreja pentecostal com horário para terminar o culto

 

Outra característica que marcou uma distinção entre a Igreja de Nova Vida das demais igrejas pentecostais era a organização do culto - com horário não apenas para começar, mas, também, para finalizar - uma vez que muitos pastores atribuíam ao Espírito Santo sua própria indisciplina quanto ao horário de encerramento do culto. A Nova Vida padronizou em todas as suas igrejas o início e o final de suas ativiades na hora marcada independentemente do número de pessoas presentes.

 

Centro administrativo

 

Para acompanhar o grande crescimento da igreja, foi criado o Centro Administrativo, a fim de absorver todo o trabalho contábil e logístico da denominação, sendo, para tal, contratado em tempo integral o então Pr. Miguel Incutto, advogado, administrador e gerente de banco, conduzindo a Igreja de Nova Vida a uma nova fase em sua estruturação, a fim de melhor servir em seu crescimento de forma organizada e eticamente sadia, cuidando não apenas das igrejas, mas de outros projetos da denominação, como a Rádio Relógio, a Vila de Nova Vida e a gráfica e editora Carisma, além de toda a área contábil.

 

Envelopes de oferta e entrega dos dízimos na mão do pastor da igreja

 

O Bp. Roberto também inovou no momento do ofertório que, até então, caracterizava os cultos evangélicos através do recolhimento por salvas (as chamadas “sacolinhas”) ou através da entrega de recursos em uma tesouraria. Tratando este momento com a importância que lhe é devida, inovou, implantando a entrega através de envelopes cujos dízimos - principal forma de sustento e ampliação da igreja - eram entregues diretamente nas mãos do pastor.

Um momento de louvor dinâmico e envolvente

 

Como imaginar aplausos no período do louvor em uma igreja? Isso era algo inimaginável no Brasil, assim como, também, o adorar a Deus com as mãos levantadas, a partir da implantação de um retroprojetor (na maioria das igrejas as pessoas tinham de cantar segurando um hinário nas mãos). Mesmo não sendo uma atividade prioritária, a música sempre ocupou um espaço nos cultos. E não poderia ser diferente no caso da Cruzada de Nova Vida. 

 

O responsável por este ministério foi o Pr. Daniel White. Ele tocava órgão e piano durante os encontros, e também ao vivo fazia as trilhas sonoras dos programas de rádio.

 

A curiosidade está no fato de que o órgão que ficava nos escritórios da Cruzada, localizado na Avenida Rio Branco, no 10Î andar do Edifício Central, tinha que ser levado para o auditório da ABI todas as vezes que a igreja se reunia.

Sistema de governo episcopal em uma igreja pentecostal

 

Em 18 de agosto de 1976 foi ordenado ao episcopado por um presbitério composto do Rev. David du Pressis e Rev. John L. Meares, além do Pr. Tito Oscar representando o presbitério nacional - oficializando o sistema eclesiástico já adotado oficiosamente desde o início da igreja - e, com isso, inovou no meio pentecostal uma prática comum em denominações históricas, como a luterana, a anglicana e a metodista. Já em 16 de fevereiro de 1983, foi a vez do Pr. Tito Oscar ser ordenado ao episcopado.

 

Ao longo do tempo, como em todo processo de crescimento e amadurecimento de igrejas, a Igreja de Nova Vida sofreu algumas rupturas, mas manteve-se firme em seus propósitos. Em 1995 sua estrutura eclesiológica foi reorganizada sob o nome de “Conselho de Ministros das Igrejas de Nova Vida do Brasil”, mantendo o sistema de governo episcopal, sendo as igrejas regidas de forma autônoma por seus pastores, estando unidas entre si espiritual e fraternalmente através das deliberações do Colégio Episcopal, o qual, na presente data, é composto dos seguintes integrantes: Bp. Miguel Incutto (Presidente), Bp. Tito Oscar (Sênior), Bp. Ademir Batista, Bp. Antônio Costa, Bp. Fernando Firmino, Bp. Francisco Martins, Bp. Josué Silva, Bp. Martinho Lutero Semblano, Bp. Robson Pereira e Bp. Volney Varjão.

 

A unidade denominacional

 

Um dos mais importantes elos para a manutenção de tal vínculo são os encontros de pastores e bispos da denominação, tanto os mensais (denominados “reuniões do Conselho”) - quando os pastores da denominação - dos mais experientes aos mais jovens - se sentam e, qual ovelhas que são, ouvem a pregação de um de seus bispos, além de receberem dos mesmos relevantes informações relacionadas à toda a denominação - como os sazonais (congresso de pastores e líderes, encontro de homens, de mulheres, de jovens e de diáconos), além das celebrações anuais do aniversário da denominação e do tradicional jantar de final de ano dos pastores de Nova Vida. 

 

Além destas reuniões, as redes sociais da Igreja de Nova Vida apresentam-se como um dos elos que unificam as comunicações oficiais entre todas as igrejas, além de suas publicações (como a “Revista de Nova Vida” e a revista para as Escolas Bíblicas Dominicais “Voz”, além de outros materiais).

 

Quanto ao seu Corpo Pastoral, é requerido a todos os candidatos (por indicação ao concurso vestibular) a conclusão do Curso de Formação Ministerial (CFM) e a sujeição ao Código de Ética da denominação. 

 

No âmago de todos os que exercem liderança nas Igrejas de Nova Vida se firma o entendimento de que cada bispo, pastor, missionário e diácono foi chamado a tais funções como líderes, e não como chefes, tendo o propósito de servirem os seus irmãos e, por seus atos, glorificarem a Deus, pregando o evangelho de Cristo com amor e ardor, baseados na plenamente inspirada Palavra de Deus.

 

Vivendo no presente

 

De um sonho depositado no coração de um missionário canadense à realidade que, ao longo destas décadas têm transformado vidas, a Igreja de Nova Vida permanece em sua bendita e frutífera caminhada, proclamando a salvação que só há em Jesus Cristo, reluzindo a sua luz em nossa sociedade.

Nossas palavras finais extraímos daquela expressão que se tornaria tão característica em nossa denominação, e que é balizada no projeto de Deus para os seus filhos:

 

“Que Deus te abençoe rica e abundantemente”.

 

Rio de Janeiro, 14 de maio de 2021

60º aniversário da Igreja de Nova Vida

 

[1] Que tem por característica uma menor ênfase ao estudo bíblico e pouco importância a doutrinas teológicas solidamente bíblicas, e mais ênfase a liturgias mais práticas, voltadas mais aos testemunhos, à libertação demoníaca ou ao período de louvor e adoração, por exemplo.

[2] Na “primeira geração” de pentecostais brasileiros se encaixam denominações como as Assembleias de Deus e a Congregação Cristã no Brasil.

McALISTER, Robert; OSCAR, Tito. Revista “A Voz”, números 01 ao 29. Rio de Janeiro: março de 1972 a dezembro de 1976, Carisma.

Bibliografia

McALISTER, Robert; OSCAR, Tito. Revista “A Voz”, números 01 ao 29. Rio de Janeiro: março de 1972 a dezembro de 1976, Carisma.

McALISTER, Robert; OSCAR, Tito; COHEN, Walmir. Revista “Nova Vida”, números 01 ao 09. Rio de Janeiro: 1980 a 1983, Carisma.

McALISTER, Robert. Informativo “Nova Vida”, entre dezembro de 1983 e dezembro de 1984. Rio de Janeiro.

McALISTER, Walter. Neopentecostalismo – a história não contada: quem foi Roberto McAlister. Rio de Janeiro: Anno Domini, 2012.

MACEDO, Edir; TAVOLARO, Douglas. Nada a perder, vol. 1. São Paulo: Planeta, 2012.

NOGUEIRA, Sarah. Revista Nova Vida – Edição Comemorativa da Igreja de Nova Vida de Brasília (artigo “Tudo começou assim”). Brasília: 2004.

OSCAR, Tito. Revista “Ponto de Contato”, número 01. Rio de Janeiro: 1986, Carisma.

OSCAR, Tito. In loco, nas reuniões do Conselho de Nova Vida e nas aulas de História da Igreja de Nova Vida (no Curso de Formação Nova Vida, 2014).

SEMBLANO, Martinho Lutero. 1ª Escola de Aperfeiçoamento: Escola de Boas-Vindas. Rio de Janeiro: 2015.


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